ORIGEM DO MOVIMENTO BEAN TO BAR

O movimento bean to bar, que valoriza a produção artesanal de chocolate e busca maior transparência e qualidade na cadeia de suprimentos, teve suas origens no final do século XX e início do século XXI. Para entender a origem desse movimento, é importante olhar para a história da indústria do chocolate e como ela evoluiu ao longo do tempo.

A produção de chocolate remonta à antiguidade, quando as civilizações mesoamericanas, como os maias e os astecas, cultivavam cacau e o utilizavam para preparar bebidas rituais. No entanto, o processo de produção do chocolate era muito diferente do que conhecemos hoje. As sementes de cacau eram torradas, moídas em pasta e misturadas com outros ingredientes, como água, especiarias e mel, para criar uma bebida espessa e amarga.

Foi apenas após a chegada do cacau à Europa no século XVI que o chocolate começou a ser apreciado de uma forma mais próxima do que conhecemos hoje. Os europeus adicionaram açúcar à bebida, tornando-a mais palatável e adocicada. A partir do século XIX, a revolução industrial trouxe avanços tecnológicos que permitiram a produção de chocolate em larga escala, com o uso de prensas hidráulicas para separar a manteiga de cacau do sólido de cacau.

No entanto, essa produção em massa levou a uma padronização do sabor e da qualidade do chocolate, à medida que grandes empresas dominavam o mercado. A maioria dos chocolates comerciais passou a ser produzida com grãos de cacau de diferentes origens, misturados para criar um produto uniforme. Isso resultou em uma perda da diversidade de sabores e nuances que os grãos de cacau de diferentes regiões poderiam proporcionar.

A busca por uma abordagem mais artesanal e autêntica na produção de chocolate começou a ganhar força no final do século XX, com a crescente conscientização dos consumidores sobre a origem dos alimentos e a valorização de produtos artesanais de alta qualidade. Foi nesse contexto que o movimento bean to bar começou a se consolidar.

A expressão “bean to bar” significa “do grão à barra” em inglês, e representa o compromisso dos produtores em controlar todo o processo de produção de chocolate, desde a seleção dos grãos de cacau até a fabricação das barras de chocolate. Essa abordagem oferece aos produtores maior controle sobre a qualidade e a autenticidade do produto final, além de permitir que eles explorem a diversidade de sabores que cada origem de cacau pode oferecer.

Os primeiros pioneiros do movimento bean to bar foram pequenos fabricantes de chocolate que buscavam trabalhar diretamente com agricultores de cacau de pequena escala, valorizando a produção sustentável e o comércio justo. Eles viajavam para regiões produtoras de cacau e estabeleciam parcerias com fazendas locais, conhecendo de perto as condições de cultivo, colheita e fermentação dos grãos de cacau.

Esses produtores artesanais de chocolate bean to bar começaram a ganhar reconhecimento por sua dedicação à qualidade, sua valorização das origens do cacau e a produção de chocolates autênticos e diversificados. Ao longo dos anos, o movimento bean to bar se espalhou para diferentes partes do mundo, com mais e mais produtores aderindo a essa abordagem e buscando criar chocolates únicos, que refletissem a singularidade de cada terroir de cacau.

Hoje, o movimento bean to bar continua a crescer, com uma comunidade vibrante de produtores artesanais, tanto em países tradicionalmente produtores de cacau, como Brasil, Equador e Venezuela, quanto em novas regiões que estão emergindo na produção de cacau de alta qualidade. O movimento bean to bar revolucionou a indústria do chocolate, trazendo de volta a valorização da origem do cacau e a diversidade de sabores que os grãos de diferentes regiões podem oferecer. Essa abordagem artesanal tem conquistado a admiração de amantes de chocolate em todo o mundo, que agora têm a oportunidade de apreciar barras de chocolate únicas, autênticas e repletas de história, graças ao compromisso dos produtores com a qualidade e a sustentabilidade.